O jantar no Jun Sakamoto

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Depois de muita insistência e cálculos ferozes, cheguei à seguinte conclusão: ir a um restaurante fantástico (e caro) é melhor do que gastar fortunas para comer coisas honestas (e quase sempre ruins) em um restaurante mais ou menos. Ou seja, deixe de comer fora 3 vezes e coma em um restaurante fenomenal. Foi pensando assim que eu e meu futuro-marido, que, para quem não sabe, é chef de cozinha, decidimos iniciar um tour gastronômico. Primeiro, em São Paulo, obviamente – capital da gastronomia no Brasil e a cidade onde vivemos. O primeiro restaurante, escolhido por ele foi o Jun Sakamoto.

Quando estacionamos o carro na porta, a primeira pergunta: “vocês têm reserva?”. O Duh, já precavido e conhecedor da área, fez no mesmo dia, cedo. “Claro!”, respondemos. Essa foi a senha para entrarmos para o mundo mágico dos milionários de São Paulo. Alguns clientes insistiam em mostrar para todos que eram frequentes na casa e conheciam bem o shushi-man (“Ele sabe o que eu quero comer!”), outros deixavam claro que o jantar de negócios se estenderia ao Café Futô Photo (“You can bring me everything and one more caipirinha, please.”). Nós não conseguimos esconder que guardamos nosso dinheiro, fizemos cálculos e estávamos felizes por conseguir ir, pela primeira vez, provar as iguarias do famoso Jun. Mas, como diria o Duh: “foda-se, eu to pagando como todos eles!”.

O ambiente é impecável, a frente é toda de vidro, com canteiros de bambu  que deixam a casa um tanto francesa; as paredes são de tijolinho branco, as luzes bem são claras; as mesas são de madeira escura; os funcionários impecáveis comunicam-se por rádio. Ao todo, o restaurante deve ter uns 30 lugares, todos lotados. A inexistente fila de espera prova que a sistema de reservas é seguido à risca: sem reserva, sem mesa. Para os não-fumantes, o prazer de sentar-se de frente para o balcão de trabalho de Jun Sakamoto e conferir toda a japonice dele na concentração usada para o preparo dos sushis, nas poucas palavras que ele pronuncia e na pontualidade exímia de saída do restaurante (22h30, nem um minuto a mais).

O primeiro prato que veio foi um salmão grelhado, com purê de mandioquinha e aspargos. O peixe estava do jeito que eu mais gosto, meio cru por dentro, e o sabor do aparente molho é totalmente equilibrado. De entrada pedi uma salada de vieiras ao molho de limão siciliano – fantástico – e o Duh foi de tartar de atum com fois-gras – indescritível (custa cerca de R$ 20 cada). Em seguida, foi a vez dos sushis (R$ 8, em média). Pedimos nove: 3 de Atum com fois-gras, 3 de Nori e 3 de Takô. Para fechar, pedimos pratos quentes. Eu Tappan-Yaki de Salmão, que estava excelente, e o Duh pediu um prato quente de Atum com Shitaki – aliás, o dele é uma aula gastronomia (R$ 40 cada). Tudo é perfeito, tudo no ponto certo. Surpreendeu-me o gosto dos shushis, na temperatura correta, com a quantidade de wasabi e arroz perfeita; o equilíbrio das entradas e a perfeição dos pratos quentes. Mas já era o esperado, afinal, tanta fama e prêmios devem se justificar. O que fez da noite completa foi o serviço impecável, a companhia (óbvio) e as conversas das mesas ao lado! Divertidíssimo!

A parte ruim: acostumar-se com o que é realmente bom na vida pode ser perigoso. Vou ficar com desejo de comer aquilo ali mais vezes! Mas haja dinheiro, a brincadeira sai, no mínimo dos mínimos, R$ 150 por pessoa (ou 3 idas a um restaurante japonês comum). Mesmo assim, vale muito a pena conferir!

Serviço:
Jun Sakamoto
Rua Lisboa, 55.
Tel.: 11 3088-6019