Viaje para Prado e Cumuruxatiba!

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Como não encontramos praias estonteantes em Caravelas, resolvemos viajar quase todos os dias para outras praias. Toda noite eu pegava o Guia Quatro Rodas de Praias e, calculando a distância e o tempo de estrada, escolhia a praia que conheceríamos no dia seguinte. Numa dessas pesquisas, descobrimos a cidade de Prado, mas não cogitamos em passar por lá  por ser um tanto distante de Caravelas.

A primeira vez que decidimos ir foi quando a Gal, dona da pousada que nos hospedamos, nos deu o boletim do tempo. (Havíamos chegado na Bahia há 3 dias e nada de parar de chover)

– Em Prado está sol!

As palavras mágicas foram proferidas (quem me conhece sabe o meu desespero pelo sol!); elas alegraram meu dia! Então, pegamos nossas coisinhas de praia e partimos para Prado na esperança de achar uma pousada barata que nos abrigasse. Voltamos frustrados, pois não conseguimos achar nada que coubesse em nosso orçamento. No entanto,  conhecemos a bela cidadezinha.

Prado já começa a ser interessante na entrada. Uma ponte separa-a da estrada, por onde passa apenas um carro por vez. Essa é a única ligação de Prado com o mundo, não há outra maneira de entrar e sair da cidade.  É preciso esperar pela sua vez de passar pacientemente. Nos dias mais movimentados, forma-se uma fila de carros no meio da estrada. É bizarro.

Ao ultrapassar a estreita ponte, a cidade se mostra bela. Nos dois lados da rua têm casinhas pequeninas e típicas, todas coloridinhas (amarelas, vermelhas, laranjas, azuis, verdes, bem vibrantes). Nas ruas, paralelepípedos, crianças batendo bola e o movimento dos turistas; nas casas, mulheres à janela, cadeiras de plástico estendidas nas calçadas, homens de chapéu panamá e a simplicidade do interior baiano. Só posso dizer uma coisa: o ritmo de vida desacelerado da população contagia e é para sempre lembrado.

Como toda a região, é lotada de antigas construções – daquelas que lembram descobrimento, fazenda e senzala – e praias que disseram ser belíssimas.  Fomos a Prado poucas vezes na parte da manhã. Em compensação, íamos quase sempre à noite para jantar no Beco das Garrafas.

O Beco das Garrafas é um calçadão lotado de sobradinhos coloridos que remetem à época do descobrimento. Em cada um deles, aloja-se um delicioso restaurante de especialidades baianas ou frutos do mar. Mesinhas se espalham pela rua; turistas transitam perdidos, sem saber em qual dos inúmeros restaurantes sentar. Éramos um desses.

Resolvemos sentar no Jubiabá (tel: 73 3298-2180) e, depois de esperar por um tempo (que chamo de espera do nordeste), o garçom apareceu com o cardápio. Falei para o Duh, apontando para o prato com três lagostas gigantes a R$ 70:

– Caramba, que barato!

Nunca tinha comido lagosta, tive medo de não gostar. Então, pedi de entrada uma casquinha de siri e um Badejo ao molho de camarão como prato principal. Lembro com perfeição do gosto e do cheiro depois de tantos anos – a posta grelheada era bem gordinha e, por isso, o peixe estava muito suculento (do jeitinho que eu gosto). Mesmo noiva de um chef de cozinha, confesso que nunca comi um peixe tão bem feito! Não lembro o que o Duh pediu, não lembro quanto deu a conta, mas lembro de ter ficado impressionada com os baixíssimos preços praticados (e estávamos na altíssima temporada). Comer peixe fresco, delicioso, há ótimos preços durante o reveillon é só no sul da Bahia mesmo!

cais-de-cumuruxatibaNa segunda vez que fomos a Prado de dia, visitamos Cumuruxatiba. Lembro que demoramos muito para chegar lá – era estrada de “chão” que não acabava mais. O caminho subia, proporcionando uma visão fantástica das falésias, praias estonteantes e do mar; e descia, oferecendo, de braços abertos, o mar e as areias brancas. Em alguns lugares, cruzava rios e riachos, onde muitos decidiam parar para refrescar-se do calor que fazia. Por fim, chegamos.

Paramos o carro numa rua apertada, cheia de insetos, mata e areia. Percorremos uma trilha pequena por cercas de arame farpado e, então, lá estava ela, a praia. Linda, branca e cristalina, com falésia e coqueiros, com piscinas naturais formadas pela água do mar represada e (pasmem) só para gente! Apesar de cinematográfica, Cumuruxatiba é totalmente deserta!

Deixamos nossas coisas de lado e corremos para o mar. E corremos, e corremos, e corremos, e corremos e a água continuava no tornozelo. E corremos mais um pouco – me senti no capítulo da Bíblia que Jesus anda sob as águas! – e, quando finalmente atingimos uma profundidade razoável para nos ajoelharmos no mar, constatamos que a água continuaria com a temperatura de banheira ad infinitum! Muito raramento, passava uma corrente friazinha e a aproveitávamos ao máximo. Pensando, acho que esse é um dos motivos de tão poucas pessoas frequentarem esta praia. Mesmo no paraíso sobre a terra, decidimos partir para um lugar próximo e mais fresco. Encontramos um quiosque em frente a uma pousada com ventilador e água de coco geladíssima. Encostamos lá!

Sempre me recordo de Cumuraxatiba e elejo-a como uma das mais belas praias que já estive – e eu já percorri muitas praias do litoral brasileiro.  Escrevendo esse texto me deu saudade da região. Decidi que, assim que comprar um carro novo, vou passar mais uns 15 dias por lá, sem fazer nada diferente.

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